Florestas e mobilização: questões fundamentais para evitar eventos extremos e mitigar as mudanças climáticas

Os eventos climáticos extremos se tornaram notícia no Brasil no primeiro semestre de 2024, por conta das fortes chuvas que geraram as enchentes no Rio Grande do Sul que atingiram centenas de milhares de pessoas e deixaram um rastro de mortes e famílias inteiras desabrigadas.

Eventos extremos, de uma forma geral, podem ocasionar fortes chuvas (como visto no Rio Grande do Sul) ou intensificar cenários de grandes secas. O aumento em sua ocorrência está ligado às mudanças climáticas, na opinião de profissionais do projeto “Corredor Caipira: Conectando Paisagens e Pessoas”, que tem, como área direta de atuação, os municípios paulistas de Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa Maria da Serra e Anhembi.

O “Corredor Caipira” é realizado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

De acordo com Germano Chagas, coordenador técnico do “Corredor Caipira”, essas mudanças climáticas são decorrentes da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera, que tem como origem diferentes fontes, como o transporte pela queima de combustíveis fósseis, a indústria, a produção de energia elétrica e o desmatamento, que, no caso do Brasil, é a principal fonte de emissão desses gases.

Recuperar florestas

Ainda segundo Germano, as florestas cumprem um importante papel na mitigação do aquecimento global e das mudanças climáticas, de forma a evitar a ocorrência de eventos climáticos extremos.

“Um dos gases de efeito estufa é o gás carbônico e as florestas atuam como grandes reservatórios de carbono, principalmente na madeira das árvores e no solo. Ao queimar essas florestas, a maior parte desse carbono que estava estocado é lançado na atmosfera causando aquecimento global e intensificando as mudanças climáticas”, diz Chagas.

Assim, de acordo com o consultor florestal do “Corredor Caipira”, Girlei Cunha, recuperar florestas (um dos objetivos do projeto), é importante para a redução das mudanças climáticas.

“Por meio de processos como a restauração florestal e a produção em Sistemas Agroflorestais (SAFs), é possível reter parte do gás carbônico presente na atmosfera na biomassa das plantas através do processo de fotossíntese”, afirma Cunha.

Mobilização da sociedade para combater as mudanças climáticas

A coordenadora de educação e políticas públicas do “Corredor Caipira”, Karine Faleiros, indica outro fator importante no combate às mudanças climáticas e à ocorrência de eventos climáticos extremos: a mobilização da sociedade, de forma a viabilizar políticas públicas locais que considerem questões como a redução de combustíveis fósseis e a implementação de modelos de produção de alimentos mais sustentáveis e agroecológicos.

“É fundamental consolidar políticas públicas que criem fundos para grandes investimentos que dificultem o corte de árvores, o desmatamento e a flexibilização do uso de áreas de preservação permanente urbanas e rurais”, diz Faleiros.

 

Escrito por Rafael Bitencourt, jornalista e coordenador de comunicação do Corredor Caipira