Você conhece as árvores da Mata Atlântica? Veja 10 espécies muito úteis para o seu dia-a-dia

A flora brasileira possui a maior biodiversidade do mundo. Temos catalogadas, cerca de 350 mil espécies, contudo, estima-se que o número total seja de mais de 1,8 milhões. Muitas dessas plantas possuem propriedades medicinais, cosméticas, fertilizantes e outras aplicações no dia-a-dia que muitas pessoas desconhecem. Por isso, nesse texto queremos apresentar a você algumas árvores da Mata Atlântica

A Mata Atlântica está localizada em 17 estados brasileiros e possui mais de 20 mil espécies. Assim, conhecer a riqueza de sua biodiversidade é muito importante para a manutenção e a preservação desse bioma tão extenso e, ao mesmo tempo, que sofre tanta degradação. 

Inclusive todas as espécies que vamos te mostrar aqui estarão no banco genético do projeto Corredor Caipira e, também, serão plantadas nas áreas contempladas pela iniciativa. 

O projeto Corredor Caipira, realizado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, está realizando a restauração florestal em 45 hectares na região de Piracicaba. 

Continue a ler esse texto e conheça essas árvores da Mata Atlântica

Você conhece essas árvores da Mata Atlântica?  

1. Jaracatiá (Jacaratia spinosa

jaracatia

Espécie de grande porte, podendo chegar até 20 metros de altura. Seu tronco e seus ramos são armados, possuindo espinhos e uma casca rugosa. Sua madeira é leve e mole, com baixa durabilidade em qualquer ocasião. 

Ela é a árvore símbolo de uma cidade do interior de São Paulo, chamada São Pedro. Isso porque, seus habitantes realizam um festival anual com comidas típicas, principalmente doces, feitos com o fruto e a madeira do Jaracatiá

Na natureza seus frutos são comestíveis e muito procurados por pássaros e macacos. A árvore pode ser usada em paisagismos devido a suas características fenotípicas.

2. Jatobá (Hymenaea courbaril

Esta árvore da Mata Atlântica é de grande porte, podendo chegar de 15 a 20 metros de altura e tronco de até um metro de diâmetro. Sua madeira é pesada e de média densidade e de fácil identificação em campo.

Possui uma média facilidade na produção de mudas com um alto índice de sobrevivência. Como espécie de fácil multiplicação, é muito indicada para o reflorestamento de áreas degradadas em Áreas de Proteção Permanente (APP’s). 

Sua madeira pesada pode ser utilizada como estrutura, construção pesada, móveis e produção de tonéis. O jatobá possui várias propriedades importantes, desde seus frutos usados de forma nutritiva e medicinal.

Geralmente, com o fruto do jatobá é produzida uma farinha com alto valor de potássio, fibras e antioxidantes que ajuda a prevenir e combater a anemia. Já o chá feito com a sua casca é usado para aliviar sintomas de gripes, resfriados, bronquites e outros problemas respiratórios, pois possui propriedades antiinflamatórias.

3. Jequitibá rosa (Cariniana legalis

O Jequitibá-rosa é uma árvore de porte alto: sua altura pode variar de 7 a 60 metros. Já seu tronco pode chegar a 4 metros de diâmetro. Sua madeira é de média densidade e é utilizada de múltiplas formas na construção civil, móveis e outras fabricações.

Além disso, suas flores são melíferas e seus frutos, quando vazios, podem ser utilizados no artesanato. A casca do tronco pode ser utilizada em fins medicinais, como adstringente, possuindo alto poder desinfetante. 

O Jequitibá-rosa é uma espécie longeva, por isso, há registros de árvores que ultrapassam os 500 anos de idade. Ou seja, marca gerações e abriga muita história!  

4. Juçara (Euterpe edulis)

Seu crescimento é lento e a espécie está classificada como “vulnerável”, segundo o livro vermelho da Flora do Brasil. Sua sobrevivência depende da mata bem preservada. Sua maior ameaça é a extração predatória do palmito, que se dá através da derrubada completa da árvore.

A polpa do fruto da juçara produz uma bebida de sabor e consistência muito parecida com o açaí: o juçaí. Sua polpa é rica em antioxidantes, ferro e potássio e possui vitaminas A e C. Além disso, suas folhas, cascas e galhos podem ser utilizadas para a produção de artesanato.

5. Louro-pardo (Cordia trichotoma)

Sua altura pode chegar até 35 metros de altura e 1 metro de diâmetro na idade adulta. Sua madeira apresenta boa resistência e estabilidade. Por isso, é usada para a produção de móveis. 

Suas flores brancas mudam de cor e se tornam pardas com o tempo. Elas são melíferas, ou seja, as abelhas podem se utilizar de seu pólen para fazer mel e, também, há registros de que sua casca pode ter uso medicinal e adstringente. 

O louro-pardo é uma espécie pioneira, ou seja, é indicada no reflorestamento para recuperação ambiental em matas ciliares. 

6. Pau-marfim (Balfourodendron riedelianum)

O pau-marfim possui uma altura média de 6 a 20 metros. Sua madeira é de múltiplas utilidades, como por exemplo construção civil, devido a alta densidade, móveis de luxo e há registros de construção de hélices de avião na década de 40. 

A árvore é muito utilizada em arborização de parques e praças, além de ser recomendada para o reflorestamento de mata ciliar. 

7. Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron

Sua altura pode variar entre 15 e 20 metros, podendo chegar a 50 m de altura e 390 cm de diâmetro a altura do peito (DAP) na idade adulta. 

Sua madeira possui densidade média a alta e, por isso, foi muito explorada na construção civil e moveleira, estando, inclusive, em extinção em alguns estados brasileiros. 

É de fácil identificação em campo, mas possui uma baixa facilidade na produção de mudas com um baixo índice de sobrevivência. 

Na medicina popular, a casca (amarga e adstringente) é usada em chás para combater a febre e, atualmente, pode ser usada em paisagismo, principalmente em parques. 

8. Sucupira (Pterodon emarginatus

É uma árvore de porte médio, de 8 a 16 metros, de copa piramidal rala. Sua madeira é bastante resistente, muito durável, pesada e dura, de difícil corte. Geralmente é utilizada em construção civil e naval. 

A Sucupira também é fonte de um óleo que pode ser usado na prevenção da esquistossomose. Esta árvore é indicada para paisagismo e regeneração de áreas degradadas. 

9. Canafístula (Peltophorum dubium

Sua altura pode chegar até 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro na idade adulta. Sua madeira possui alta densidade e é resistente a fungos e cupins. Possui uma grande facilidade na produção de mudas com um alto índice de sobrevivência, contudo está ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. 

Sua madeira serrada possui alto valor econômico e é usada na construção civil. As raízes, folhas, flores e frutos possuem propriedades medicinais, como laxante e antiinflamatório. Há registros de  que povos indígenas de várias etnias do Paraná e de Santa Catarina usam a casca do caule desta espécie, na forma de chá, como anticoncepcional. 

Sua árvore é indicada para uso paisagístico e em reflorestamento para recuperação ambiental em matas ciliares. 

10. Mutambo (Guazuma ulmifolia

As maiores árvores podem chegar entre 30 a 60 metros de altura. Possui uma grande facilidade na produção de mudas com um alto índice de sobrevivência. Como espécie pioneira, é muito indicada para o reflorestamento de áreas degradadas. 

Seus frutos são apreciados tanto na alimentação humana quanto entre os animais, apresentando um sabor parecido com o figo seco. Há quem também faça chá com o fruto, que é dito como um ótimo substituto do chá-mate. 

A Mutamba, como também é chamada a árvore e o fruto, também é um dos ingredientes para a fabricação de rapadura, no estado do Ceará, através do cozimento de pedaços do seu caule. 

As flores de Mutamba são melíferas, sendo fonte de mel saboroso, de alta qualidade. Além disso, produz celulose, o que pode servir de matéria-prima para a fabricação de papel. 

Agora que você já conhece algumas das várias árvores da Mata Atlântica, que tal conhecer melhor o projeto que irá plantá-las no interior paulista? Acesse as redes sociais do Projeto Corredor Caipira e acompanhe nosso trabalho.

 

Escrito por Sara Casadio e Beatriz Dádio (alunas de Engenharia Florestal – Esalq/USP)