Palmeira com 5 a 10 metros de altura, a juçara (Euterpe edulis) é nativa da Mata Atlântica, sendo encontrada ao longo das regiões Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul do Brasil, também ocorrendo de forma natural no nordeste da Argentina e no leste do Paraguai. Normalmente apresenta grande frequência e densidade de indivíduos, concentrando-se principalmente em locais com presença de água superficial acentuada.
A juçara também é popularmente conhecida como açaí-do-sul, ensarova, inçara, içara, iuçara, jaçara, jiçara, palmiteira, palmito, palmito-juçara, palmeiro-doce, palmiteiro-doce, palmito-branco, palmito-doce, palmito-da-mata, palmito-vermelho, ripa e ripeira.
Esta é uma das espécies escolhidas para a implantação do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) do projeto Corredor Caipira. O BAG é um banco genético que abriga informações hereditárias para que possam ser usadas de forma imediata ou, ainda, com potencial uso no futuro.
Este trabalho está sendo desenvolvido na região de Piracicaba, interior de São Paulo, pelo projeto Corredor Caipira, realizado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Além disso, o projeto visa fazer a restauração florestal de 45 hectares no interior paulista, nos municípios de Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Anhembi e Santa Maria da Serra, em que o bioma do Cerrado e da Mata Atlântica Semidecidual são predominantes.
Quer aprender mais sobre essa espécie altamente relevante? Continue acompanhando esta leitura!
Uso da palmeira juçara na alimentação humana
Seus frutos são compostos por uma casca lisa, de cor violáceo-escura, com uma polpa fina que envolve a semente, semelhante ao açaí da Amazônia (Euterpe oleraceae). Riquíssima em antioxidantes, sua polpa é usada na fabricação de sorvete, farinha, doces e sucos e representa um importante produto para as comunidades tradicionais.
O palmito da juçara é muito saboroso e pode ser consumido in natura ou em conserva. Entre o término do tronco e a parte onde nascem as folhas, há uma seção verde, mais grossa que o tronco, formada pela base do conjunto de folhas. É dentro dessa seção que se encontra a parte comestível da palmeira.
No entanto, devido ao alto índice de extração ilegal do palmito, a espécie encontra-se ameaçada de extinção, uma vez que é necessário derrubar a palmeira para a obtenção do tão apreciado palmito. Portanto, é imprescindível o manejo sustentável da espécie, sendo incentivada a extração dos frutos para comercialização de sua polpa e sementes, o que, além de gerar renda para as comunidades locais, contribui para a manutenção das palmeiras em pé. Se você consome palmito, fica a dica: verifique a origem do alimento!
Outras utilidades e importância ecológica da juçara
Além do consumo na alimentação, as flores da palmeira juçara são melíferas (ou seja, fornecem néctar para as abelhas), suas folhas são utilizadas para fabricação de cadeiras de palha e suas sementes para a confecção de miçangas e artesanatos. As folhas e sementes também são usadas para ração animal.
Em virtude de sua alta produção de frutos e da forte atração que exerce sobre a fauna (aves, roedores e mamíferos), a juçara atrai e mantém polinizadores, dispersores e predadores de sementes, sendo importante para a fixação de animais e para a dispersão das sementes, o que é fundamental para a conservação da espécie. Sua floração ocorre de setembro a janeiro, e seus frutos amadurecem de abril a novembro.
Vários animais são responsáveis pela dispersão de suas sementes, tais como morcego, anta, porco-do-mato, serelepe, veado-mateiro, araçari-banana, gralha-azul, jacu-guaçu, sabiá, tucano e lagarto-teiú. Estes desempenham um importante papel ao removerem a polpa que cobre a semente, possivelmente facilitando sua germinação. Por isso, essa espécie é recomendada para restauração de mata ciliar, em locais com inundações e com solo permanentemente encharcado.
Agora que você já conhece a importância da juçara e suas muitas utilidades, acompanhe o Corredor Caipira através do site e das redes sociais do projeto!
Escrito por Bianca Torres, gestora ambiental pela Esalq/USP.
Foto: José Alves