Saiba mais sobre o Ipê-roxo, árvore de carisma nacional

Os Ipês são grandes árvores da família das Bignoniáceas, plantas que têm flores em formato afunilado, parecendo uma cornetinha. Suas mais de 100 espécies conhecidas distribuem-se principalmente nos gêneros Tabebuia, gênero da madeira “mole”, mais esbranquiçada e comum no litoral, e Handroanthus, da madeira “dura”, interiorana, em geral quatro vezes mais densa que a outra. Famosos por suas chamativas flores, colorem a paisagem por toda a América Latina, do México até a Patagônia.

Dentre tantas, a escolhida para compor as 20 espécies do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) do projeto Corredor Caipira foi o Handroanthus impetiginosus, o Ipê-roxo-bola, ou apenas Ipê-roxo. Tal nome faz referência ao formato de pompom em que as flores se aglomeram ao longo dos galhos, além da óbvia coloração arroxeada. A saber, este BAG conserva o material genético das árvores nativas selecionadas em área fora das florestas em que se originaram, e serão implantados em ambiente de restauração florestal.

Este trabalho está sendo desenvolvido na região de Piracicaba, interior de São Paulo, pelo projeto Corredor Caipira, realizado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Você já se deu conta do impacto que este majestoso ser vivo tem em nosso cotidiano e no imaginário cultural? Venha conhecer curiosidades a respeito da árvore ornamental mais plantada no Brasil!

O colorido e a cultura de quem vê o Ipê

Certamente você já se deparou com a exuberante beleza dos Ipês. Abundantes nas cidades, sua época de floração é bastante celebrada: segundo o conhecimento caipira, o Ipê-roxo é o primeiro a florir, seguido do Ipê-rosa, depois o Ipê-amarelo e por último o Ipê-branco. Pode-se dizer então que a floração do Ipê-roxo marca o fim do inverno.

É impossível deixar de notar que o Ipê é uma árvore decídua ou caducifólia: perde todas as suas folhas antes de apresentar suas vistosas flores, as quais, por sua vez, caem ao redor do tronco formando um colorido tapete. Antes que os galhos se desnudem por completo, dentro de alguns dias as folhas voltam a brotar.

Suas flores afuniladas atraem uma diversidade de polinizadores, desde insetos, como mamangavas, abelhas, borboleta, até aves nectarívoras, como a cambacica e beija-flores. A inspiração por elas suscitada foi tamanha que levou à consagração do Ipê como a planta com a flor nacional, no ano de 1978. Nota-se que as flores do Ipê também têm esse status nos países sulamericanos El Salvador, Equador, Venezuela e Paraguai.

A etimologia de seu principal nome é tupi para “casca dura”, e não à toa a árvore é também denominada de “pau-d’arco”, uma vez que sua madeira é empregada na constituição de arcos de caça e defesa, assim como foi destinada à perpetuação da narrativa colonialista: impressionando por sua durabilidade, ainda é encontrada na estrutura do telhado das igrejas dos séculos XVII e XVIII, enquanto nem mesmo telhas e alvenaria resistiram ao tempo.

Como comentado anteriormente, a madeira das árvores denominadas por “ipê” pode assumir qualidades opostas: da mesma origem indígena, o nome do gênero Tabebuia significa “pau ou madeira que flutua”, e algumas espécies mais litorâneas do grupo recebem também o nome de caxeta. Com a madeira destas são confeccionados itens de artesanato, utensílios domésticos e os instrumentos musicais utilizados no ritmo caiçara Fandango.

Impressionante, não é mesmo? Esperamos que você tenha gostado de saber um pouco mais sobre os ipês, esses verdadeiros patrimônios culturais que nos enchem os olhos e dão tanta vida às cidades. Para mais textos como este, confira nosso blog; e para ficar por dentro das ações do projeto, siga-nos nas redes sociais do Corredor Caipira!

Escrito por Isabella de Oliveira Facin, aluna de Psicologia na UNESP/Bauru e voluntária no projeto Corredor Caipira

Fotos: Árvores Vivas e  Arquiflora