Quer fazer a recuperação ambiental da sua propriedade? Veja 5 Modelos Econômicos para Restauração Ecológica e Adequação Ambiental

O uso de modelos econômicos para restauração e/ou recuperação ambiental é certamente uma importante forma de viabilizar financeiramente a adequação ambiental de propriedades rurais. 

As espécies potenciais para o aproveitamento madeireiro é uma oportunidade assegurada pela Lei 12.651/2012 para áreas de Reserva Legal, desde que efetuado considerando os princípios de baixo impacto ambiental do manejo florestal sustentável, no qual o favorecimento à regeneração, a manutenção da biodiversidade da estrutura horizontal e vertical das florestas e, especialmente, o baixo volume de corte dentro de cada ciclo do manejo são premissas indissociáveis. 

Quais espécies são indicadas para fazer a recuperação ambiental?

Ainda nestes modelos, o grupo das espécies podem ser composto por árvores provedoras de produtos não madeireiros que disponibilizarão receitas a partir de um momento inicial de produção perpetuando esta condição ao longo de muitos anos, como por exemplo, com o uso de castanhas (baru), frutas/polpa (pitanga, abil, grumixama, bacuri, juçara,  cagaita, morolo, araçá, cereja-da-mata, uvaia, pequi, jaboticaba)  e resinas (amescla, copaíba, sangra d’água), podendo também haver exóticas (goiaba, lichia manga, citrus, banana, etc). 

O uso das entrelinhas com cultivo de espécies anuais (milho, feijão, mandioca etc.) possibilita a produção e conjuntamente contribui para a condução dos sistemas.  Contudo, estes arranjos, especialmente os agroflorestais, são importantes de serem construídos conforme interesse e aptidão de cada agricultor/proprietário rural. Alguns arranjos de sistemas agroflorestais são permitidos até mesmo nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) quando em pequenas propriedades rurais. 

Serão apresentados a seguir 5 modelos econômicos para restauração e/ou recuperação ambiental propostos pelo projeto Corredor Caipira. O Corredor Caipira é um projeto realizado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Cabe ressaltar que, como qualquer modelo, quando for aplicado sempre há a necessidade de adaptações e aprimoramento junto aos proprietários rurais e agricultores,  que deverá ser realizado considerando seu interesse e aptidão. Ter modelos prévios facilita para a apresentação e discussões sobre as possibilidades de uso destes sistemas na região.

Os modelos propostos consideram tanto a produção madeireira como a produção não madeireira, podendo ser utilizados conjuntamente. O uso de espécies exóticas em não mais de 50% da área é também considerado. Neste aspecto, vale ressaltar que o uso destas espécies pode ser uma alternativa interessante já que possuem tecnologia reconhecida e cadeia de produção e mercado estabelecido. 

Modelo Econômico 1 – Modelo com de espécies nativas para aproveitamento madeireiro sob regime de manejo florestal sustentável

Espaçamento 3 x 3 m – 1.111 árvores/ha

Figura 1 - Esquema ilustrativo do modelo com 100% de espécies madeireiras.

Modelo Econômico 2 – Espécies nativas intercaladas com 50% de eucalipto para o manejo sob regime de manejo florestal sustentável

Espaçamento 3 x 3 m – 1.111 árvores/ha

Figura 2 – Esquema ilustrativo do arranjo espacial de plantio do modelo 2

Observação: neste modelo pode haver variação no arranjo espacial, podendo se considerar até 3 faixas intercalares entre eucalipto e nativas, bem como o espaçamento de 3x2m para o plantio de eucalipto, aumentando a densidade desta espécie para 833 árvores/ha.

Modelo Econômico 3 – Espécies nativas intercaladas 50% de mogno-africano para para o manejo sob regime de manejo florestal sustentável

Espaçamento 3 x 3 m – 1.111 árvores/ha

Figura 3 - Esquema ilustrativo do arranjo espacial de plantio do modelo 3

Modelo Econômico 4 – Sistema Agroflorestal Biodiverso

A proposta neste modelo é que se tenha uma grande diversidade de espécies que provenham algum tipo de produto não madeireiro, podendo ser alimentício, medicinal, resina, látex ou óleo essencial. Neste aspecto, são inúmeras as espécies que podem compor o modelo, sendo apresentado um arranjo com apenas alguns exemplos destas espécies na Figura 4. As entrelinhas do plantio podem ser ocupadas pelo plantio de espécies agrícolas nos primeiros anos de estabelecimento do sistema, utilizando, por exemplo, milho, feijão, mandioca, abóbora, quiabo, jerimum, abacaxi, maracujá dentre outras espécies possíveis.

Figura 4 - Esquema ilustrativo da implantação do SAF biodiverso com nativas não-madeireiras.

Modelo Econômico 5 – SAF de café

A proposta deste modelo é ter o café como principal produto do sistema. Seu plantio ocorrerá intercalado com linhas de espécies nativas adubadeiras e também com o baru para a produção de castanha e também madeira. As bananas entram no sistema como espécie semiperene, e o mandioca (ciclo médio) e milho (ciclo curto) como espécies agrícolas para utilização na entrelinha dos plantios.

Figura 5 - Esquema ilustrativo da implantação do SAF tendo como carro-chefe o café, a banana e o baru.

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Foto de capa: Jessica Lane

Escrito por Henrique Ferraz de Campos, engenheiro agrônomo com mestrado e coordenador técnico do projeto Corredor Caipira