Crise política, climática, ambiental. Refugiados de guerra, pandemia, fundamentalismo, alta dos combustíveis e dos alimentos. Não é difícil perceber que um mundo está sendo desconstruído para ser reinventado, podemos também entender que a hora de agir é agora.
Em tempos como este, da aparente confusão, emerge um futuro que está por vir. Todos nós somos cocriadores de um pedaço desta história. Para tomarmos boas decisões podemos recorrer aos estudiosos de futuro, como o pesquisador Otto Scharmer, que busca elucidar quais foram os sintomas que nos trouxeram até aqui e como podemos construir melhores caminhos.
Scharmer, no se livro “Liderar a partir do futuro que emerge: a evolução do sistema econômico ego-cêntrico para o eco-cêntrico”, descreve que há um cenário de problemas e patologias composto por três divisores:
1. Divisor ecológico
Representa a desconexão dos seres humanos com o meio. Tem como sintoma a exaustão dos sistemas resilientes do planeta e gera uma incapacidade de autorregulação dos sistemas ecológicos.
2. Divisor social
Traduz a desconexão dos seres humanos com outros seres humanos. Representado pela naturalização da margem excluída da sociedade e o crescente empobrecimento de parte da população. Bem como, o acúmulo desproporcional, patrimonial e financeiro, por uma minoria.
3. Divisor espiritual-cultural
Trata sobre a desconexão dos seres humanos consigo próprio. Índices sobre o aumento da depressão são alarmantes, especialmente entre jovens.
Dito isto, o caminho da solução seria razoavelmente fácil! Precisamos simplesmente nos conectar com o meio ambiente, com as pessoas e conosco mesmo. Mas não é tão simples assim. As soluções de ordem coletiva implicam em processos. Construção de habilidades para favorecer bons acordos, aprimorar culturas e valores, tudo isso em escala, ou seja, precisamos nos formar enquanto agentes de mudança.
Processos formadores que considerem os aspectos da transição que vivemos são fundamentais. O projeto Corredor Caipira, realizado pelo Nace Pteca, Esalq/USP e Fealq e patrocinado pela Petrobras, se propõe a colaborar com este movimento por meio de ações formativas e transformadoras. O caminho da educação é sempre o mais certeiro, como nos ensina Paulo Freire, a educação não transforma o mundo, transforma pessoas que mudam o mundo.
E vale reiterar: a hora de agir é agora.
Escrito por Fernanda Correa de Moraes, engenheira agrônoma com mestrado e pesquisadora colaboradora do NACE-PTECA