Com milhares de focos de incêndio em todo o Brasil, impulsionados por uma estiagem severa, as queimadas são uma realidade na região de Piracicaba (SP), com grandes altas em 2024, quando comparado com 2023. Para um especialista do projeto ambiental “Corredor Caipira Conectando Paisagens e Pessoas”, o cenário tende a ser cada vez mais frequente, por conta das mudanças climáticas.
O “Corredor Caipira” é realizado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Uma possível forma de auxiliar no combate é adotar medidas que vão além da duração da gestão em exercício nos municípios. “É importante que os municípios tenham projetos de contenção de queimadas e de mitigação sobre os impactos ambientais que vão para além da gestão que está em exercício”, diz Germano Chagas, engenheiro florestal e coordenador técnico do projeto.
Contenção de queimadas em diferentes esferas
De acordo com o engenheiro florestal, a questão exige atenção dos governantes municipais e é importante que a sociedade esteja atenta a isso.
Entretanto, o apontamento é válido também para as esferas de governo estadual e federal.
“Cada governo que entra faz as suas políticas e não existe uma política continuada que garanta a longo prazo a contenção de impactos ambientais”, diz.
Mudanças climáticas
O especialista acredita que eventos climáticos extremos, que reúnem longos períodos de estiagem, devem se tornar cada vez mais frequentes, por conta das mudanças climáticas.
“Houve um grande aumento na quantidade de queimadas, mas precisa ser ponderado que esse inverno está sendo o inverno mais seco de toda a história desde que se monitora as chuvas. Então, é consequência dessa seca muito forte que a gente está passando”, aponta o engenheiro florestal.
Articulação
Para combater as mudanças climáticas e, com isso, tentar mitigar a ocorrência de eventos climáticos extremos, como as queimadas, a engenheira florestal e coordenadora de educação do “Corredor Caipira”, Karine Faleiros, aponta a necessidade de articulação e educação da sociedade.
“É fundamental a mobilização da população para elaboração de políticas públicas locais junto a movimentos sociais e ao poder público, de forma a estabelecer planos municipais de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, diz.
“Além disso, é fundamental consolidar políticas públicas que criem fundos para grandes investimentos na implantação de áreas de restauração florestal, incentivos para uma transição dos modelos de agricultura para uma agricultura mais sustentável e agroecológica e estratégias urgentes que impeçam a flexibilização do uso de áreas de preservação permanente urbanas e rurais”, completa Karine.
Quer saber o que mais pode ser feito para a contenção de queimadas? No nosso blog temos textos sobre o combate ao fogo em época de seca e sobre capacitação para brigadistas agroecológicos. Acompanhe também nosso projeto de restauração ecológica nas redes sociais.
Escrito por Rafael Bitencourt, jornalista e coordenador de comunicação do Corredor Caipira