Como prevenir e combater queimadas em épocas de seca

As queimadas em épocas de seca são um desafio sério para a conservação ambiental e a segurança das comunidades rurais. Para combater esse problema, é fundamental adotar medidas preventivas e técnicas de controle eficientes.

Até porque os números atuais são alarmantes. O estado de São Paulo contabilizou 7.296 queimadas, segundo o monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de janeiro a setembro do ano de 2024. O mês de agosto se destacou como o mais severo, com 3.612 incêndios, superando a soma dos anos de 2022 e 2023.

E para termos noção, vários desses registros ocorreram em um curto período de tempo: entre os dias 22 e 24 de agosto, foram contabilizados 2.621 focos, sendo 1.886 apenas no dia 23.

A crise mobilizou cerca de 15 mil agentes, incluindo 10 mil brigadistas voluntários e possíveis crimes ambientais estão em investigação no momento. Por isso, quando falamos de reflorestamento, não podemos deixar de lado o contexto tão urgente que, a cada ano, retorna e afeta negativamente a população do campo e das cidades.

Assim, nós do “Corredor Caipira”, projeto realizado pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) e pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, listamos algumas ações que podem ser feitas para prevenir as queimadas em época de seca e também para combatê-las. Veja os dois vídeos abaixo que fizemos sobre assuntos e também algumas dicas neste texto:

https://www.youtube.com/watch?v=jgqskwEjqaA

https://www.youtube.com/watch?v=IL9MM3xjB04

  1. A construção e manutenção de aceiros

Uma prática bem eficaz para prevenir a propagação de incêndios é a criação de aceiros. Elas são faixas de solo sem vegetação que atuam como barreiras naturais ao fogo. Eles precisam de manutenção regular, especialmente antes do início da estação seca, para garantir sua eficácia.

Produtores rurais devem ser incentivados a construir aceiros ao redor de suas propriedades e áreas florestais, para limitar o alcance das chamas, caso haja um incêndio nas proximidades.

Aceiro na estação ecológica de Ibicatu. Foto: Jéssica Lane

 

  1. Monitoramento e alerta

O monitoramento é crucial para detectar focos de incêndio antes que se espalhem. Aliado a isso, um sistema de alerta rápido deve estar disponível para notificar as autoridades e a comunidade local, permitindo uma resposta imediata. Em áreas críticas, equipes de resposta devem estar preparadas para agir rapidamente em caso de focos.

  1. Educação e capacitação

A conscientização das comunidades rurais e da população em geral é essencial para reduzir o risco de queimadas. Campanhas educativas sobre os riscos de queimadas e a importância de reportar focos de incêndio podem ajudar a prevenir tragédias.

Além disso, capacitar equipes locais para lidarem com os incêndios e adotarem práticas seguras é uma medida preventiva crucial. Temos exemplos de participantes de cursos de brigadas de incêndio que auxiliaram ativamente na contenção de focos de chamas em propriedades rurais e florestas.

Contudo, é importante destacar que você não deve tentar apagar as chamas sozinho, principalmente se não tem conhecimento na área. Ligue para o Corpo de Bombeiros (193) e peça ajuda.

  1. Fiscalização e legislação

Fortalecer a fiscalização contra queimadas ilegais é uma medida necessária para a proteção das áreas florestais.

A aplicação de multas e sanções para aqueles que promovem queimadas indevidas é uma ferramenta importante para evitar abusos. Além disso, o cumprimento das legislações ambientais que visam a proteção das florestas em tempos de seca deve ser reforçado.

Ao flagar algum ateamento de fogo ilegal, denuncie para a Polícia Ambiental que atua no seu município. No estado de São Paulo há o aplicativo Denúncia Ambiente (disponível para  Android  e  IOS), o site http://denuncia.sigam.sp.gov.br/ e na região de Piracicaba, os telefones da Polícia Ambiental são (19)3523-2012, (19)3522-1260. Dê o máximo de detalhes que puder sobre o local (principalmente em área rural) e o fato ocorrido para facilitar a apuração.

  1. Reflorestamento e recuperação de áreas degradadas

Após um incêndio, é essencial investir na recuperação das áreas atingidas. O reflorestamento de áreas degradadas ajuda a restaurar o equilíbrio do ecossistema e diminui o impacto de futuras queimadas. Plantar espécies nativas e adequadas ao clima e ao solo da região ajuda a aumentar a resiliência da área.

  1. Parcerias e cooperação

A cooperação entre diferentes setores é vital para o controle de queimadas. Parcerias entre órgãos governamentais, ONGs, produtores rurais e a comunidade são fundamentais para a criação de estratégias integradas e eficazes. Unir esforços na prevenção e no combate aos incêndios pode fazer a diferença, principalmente em épocas de seca severa.

As queimadas em épocas de seca são um problema complexo, mas com medidas preventivas, planejamento e uma gestão integrada, é possível minimizar seus impactos e proteger nossos ecossistemas. O engajamento da sociedade como um todo é essencial para o sucesso dessas estratégias.

 

Escrito por Jessica Lane, jornalista, especialista em marketing e parte da equipe de comunicação do Corredor Caipira