Cultura Caipira: o papel da cultura na conexão de paisagens e pessoas

Conservar o meio ambiente está diretamente ligado à proteção e à valorização da cultura. As manifestações culturais são chaves para a conexão que almejamos, por meio do fortalecimento de identidades, criação de pertencimento ao território e celebração da diversidade. E, dessa forma, fazer com que as pessoas se sintam potentes, capazes de agir e transformar.

Cada sociedade constrói uma leitura da natureza, baseada em suas crenças, costumes e tradições. Estabelecer uma relação de conexão com a questão ambiental passa pelo reconhecimento das origens e das raízes caipiras, que remetem a uma forte ligação com a natureza e com o ambiente em que se vive.

Cultura Caipira

Caipira” é um termo de origem tupi, oriundo de ka’a porá, que une caa (mato) e pora (gente). Ou seja, significa “gente do mato”. É uma designação que compreende a população do interior dos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, formada a partir da passagem dos bandeirantes por essas terras.

O caipira, ao longo da história, foi estereotipado como um sujeito ingênuo, atrasado, desprovido de inteligência e muito ligado à natureza, o que, frente à industrialização, era sinônimo de atraso. A indústria cultural se aproveitou disso, ao maximizar essa visão de retrocesso, inclusive, estendendo esse olhar às tradições, aos hábitos folclóricos e ao linguajar típico, por exemplo.

Ao assimilar manifestações de origem africana ao longo dos séculos, a cultura local se tornou afrocaipira, marcada, em sua essência, por uma identificação com os ciclos naturais, além de uma forte ligação comunitária que foi rompida por um modo de vida que degrada a natureza e fragmenta a vida humana.

O projeto Corredor Caipira, realizado pelo Nace Pteca da Esalq/USP e Fealq, e patrocinado pela Petrobras, traz à tona as raízes de ligação com a natureza – as raízes caipiras e afrocaipiras – ao trabalhar junto à comunidade numa perspectiva de contribuição urgente para o restabelecimento dos processos naturais.

Isso leva a um reencantamento com o mundo, além da possibilidade da continuidade da vida humana e de todos os outros seres que habitam o planeta.

Quer saber mais sobre como incluímos a cultura caipira nos nossos trabalhos de restauração de paisagens? Leia a publicação  “Como conectar paisagens e pessoas com florestas, cultura e participação” disponível em nosso site e se inspire com nossos métodos e resultados no interior de São Paulo.

 

Foto: Jessica Lane

Trecho retirado e adaptado do guia metodológico “Como conectar paisagens e pessoas com florestas, cultura e participação”