Como priorizar a participação e a inclusão de todas as pessoas nos processos de transformação territorial?

Em tempos de transformação socioambiental, com a pandemia de covid-19 e outras crises sem precedentes, somos convidados a reavaliar o modo de vida contemporâneo, em geral, pautado pelo materialismo e individualismo, e adotar novos paradigmas, de maior  diversidade biológica e social, que possibilitem participação, dignidade e visibilidade de todas e todos, incluindo as outras espécies que também vivem neste planeta.

Podemos olhar para este momento caótico atual como um período propício para reconstruir a história, despertar, retomar a vida e a nossa potência de transformação.

Este momento de crises é um ensejo para uma transição profunda, focada em maior participação na vida, soluções coletivas para os desafios e contribuição para inspirar mais pessoas a se engajarem e também participarem da vida. 

Aproveitar esta oportunidade de contribuir para estas transformações é o trabalho do “Corredor Caipira”, projeto realizado pelo Nace Pteca da Esalq/USP e Fealq e patrocinado pela Petrobras, que entende que parte desta transição inclui uma mudança nas paisagens em que vivemos.

Esta mudança, que demanda a restauração das florestas, a conservação da água, do solo e do ar, também passa necessariamente por uma profunda mudança cultural. É preciso transformar um modo de vida calcado na reverência à produção, ao consumo e ao crescimento baseado na acumulação de bens materiais.

Somos inspirados por uma proposta de reconstrução democrática da democracia, pautada na garantia dos direitos humanos e da natureza e na desconstrução da meta do progresso em sua versão produtivista.

Uma forma de avançar nesta transição em direção a modos de vida mais harmônicos é por meio de uma prática educadora ambientalista comprometida com a construção destes novos modelos de sociedades a partir da participação. É necessária a retomada da habilidade de participar, que é a superação da visão e da vivência fragmentada imposta pelo nosso modo de viver atual.

Mas de que participação estamos falando?

Em nossa metodologia, a participação é criada a partir do diálogo com a diversidade, comprometida com: os direitos de todos os seres e o cuidado mútuo; a regeneração e restabelecimento da dignidade de todas as pessoas, das mulheres, dos LGBTQIA+, dos povos afrodescendentes, dos povos indígenas, das agricultoras e dos agricultores e das trabalhadoras e dos trabalhadores; além do reencontro com nossas raízes, nossa cultura e nossa história e, necessariamente, com a restauração da natureza.

Esta participação tem como uma das finalidades primordiais o “sentir-se parte”, o “pertencer a algo maior”, a um grupo, a um lugar, a uma comunidade. Os desdobramentos que podem vir a acontecer a partir desse sentimento de participar na vida reverberam em criação de identidade, engajamento, compromisso individual e coletivo com o cuidado, com o compartilhar e com o agir em prol de um bem comum e de uma mudança.

Os processos educadores desenvolvidos pelo “Corredor Caipira” buscam promover este tipo de participação, já que, ao restaurar nossas paisagens, precisamos também restaurar nossos sentimentos de pertencimento e conexão com elas e com os seres que as habitam, incluindo toda a diversidade humana.

Afinal, é a partir destes sentimentos que se cria envolvimento com a realização das mudanças necessárias para o estabelecimento de modos de vida mais harmônicos, solidários e felizes.

Quer saber mais sobre como o projeto “Corredor Caipira” tem promovido processos educadores que valorizam a participação? Baixe agora nossa publicação “Como conectar paisagens e pessoas com florestas, cultura e participação” e veja exemplos do que já desenvolvemos em municípios do interior de São Paulo.

 

Foto: Jessica Lane

Trecho retirado e adaptado do guia metodológico “Como conectar paisagens e pessoas com florestas, cultura e participação”