Matéria orgânica é toda substância de origem biológica morta no solo ou sobre ele. Os benefícios deste material para a fertilidade dos solos são muitos e o projeto Corredor Caipira que é realizado pelo NACE/PTECA da ESALQ/USP e pela FEALQ, com o patrocínio da Petrobras, destaca abaixo 10 dos principais benefícios da presença de matéria orgânica no solo. Vamos conferir?
Quais os benefícios de realizar a cobertura do solo na agricultura com matéria orgânica?
As vantagens deste tipo de ação nos cultivos agrícolas são vários, contudo destacamos neste artigo as 10 principais, sendo elas:
- Proteção da superfície do solo contra a erosão ocasionada por chuva ou vento;
- Maior arejamento do solo essencial para o desenvolvimento das raízes;
- Maior eficiência na retenção de umidade importantíssimo, sobretudo nos meses mais secos;
- Aumenta a taxa de infiltração da água de chuva no solo;
- Fornece nutrientes diretamente às plantas com o processo de decomposição (ciclagem de nutrientes);
- Fonte de energia para aumento da vida no solo;
- Os organismos que se alimentam da matéria orgânica aumentam a disponibilidade de nutrientes às plantas e melhoram a estrutura física do solo;
- Melhora a característica química do solo para o desenvolvimento das plantas;
- No final do processo de decomposição ficam somente os compostos mais resistentes, estes são chamados de húmus. O húmus é um elemento central na fertilidade dos solos.
- Contribui para manutenção da estocagem de carbono terrestre, diminuindo os efeitos do aquecimento global.
Dessa forma, fica evidente que, para obter uma boa fertilidade em sistemas agrícolas é indispensável toda atenção ao manejo da matéria orgânica do solo. Esse princípio aprendemos com as florestas, que nunca deixam seus solos descobertos depositando constantemente material orgânico no solo. Assim, a cobertura do solo com material orgânico é fundamental para todas as escalas produtivas: nas grandes ou pequenas áreas rurais, na agricultura urbana e até mesmo nos quintais e vasos das nossas casas.
Quais os resíduos orgânicos usados para realizar a cobertura do solo?
Para a cobertura do solo podemos utilizar diferentes tipos de materiais como: palhadas de gramíneas oriunda de roçadas, palhadas de plantas leguminosas, folhas e ramos das árvores, madeira cortada ou triturada entre outras possibilidades.
Destacamos, neste artigo, a cobertura do solo com material lenhoso que pode ser obtido tanto em sistemas agroflorestais, que já possuem as árvores dentro do sistema produtivo através das podas nas copas, como também em outros tipos de cultivos importando esse material residual de outra localidade. Exemplo disso é o reaproveitamento do resíduo das podas da arborização urbana para a agricultura. Esse processo soluciona um problema oneroso para as prefeituras na destinação desse material volumoso, além disso, esse rico material seria reutilizado para melhorar a qualidade da terra e a produção de alimentos da agricultura local.
Outro diferencial da cobertura do solo com materiais mais lenhosos obtidos das podas das árvores é o fato de que a origem do húmus provém especialmente da lignina, que são moléculas mais difíceis de se decomporem. A lignina está presente em células vegetais, sobretudo nas madeiras. Logo, esse resíduo orgânico oriundo das podas arbóreas produz maior quantidade de húmus para o solo após sua decomposição.
Quais cuidados são necessários para utilização desses materiais?
Para um bom manejo da cobertura orgânica dos solos devemos estar atentos a alguns cuidados essenciais. A adubação orgânica com esterco de animais, compostos orgânicos, húmus de minhoca são essenciais para o fornecimento de nutrientes de forma mais rápida às plantas. Porém, esses materiais, mesmo sendo muito importantes para o cultivo dos alimentos, não possuem os efeitos de proteção física aos solos, devendo sempre ser combinados com materiais vegetais.
Exemplo prático: ao preparar um canteiro de hortaliças, primeiro colocamos o esterco animal sobre o solo e depois o material vegetal por cima protegendo o solo já estercado.
Há diferenças no tempo de decomposição dependendo da origem do material vegetal utilizado para cobertura. O material das plantas gramíneas (grama, capim, arroz, milho etc.) demoram mais para se decomporem do que as plantas leguminosas (feijões, crotalárias, mucunas, etc.). Assim, as gramíneas fazem um papel de proteção do solo mais duradouro e as leguminosas fornecem nutrientes às plantas mais rapidamente. Com tais características, a combinação desses dois tipos de materiais torna-se muito interessante para fertilidade dos solos.
O material mais lenhoso, já destacado anteriormente, demora ainda mais para se decompor e por sua vez proporcionam benefícios físicos e biológicos mais duradouros. Para utilizá-lo precisamos nos atentar com a organização do material no terreno para a madeira não atrapalhar os outros trabalhos na área. Em caso de madeiras cortadas essa deve estar dispostas bem encostada e firme no solo, sem forquilhas e direcionadas em uma posição que não dificulte a caminhada e o trabalho na área. Os galhos mais finos e folhas são colocados por cima das madeiras mais grossas.
Outra possibilidade de utilizarmos esse material mais lenhoso é triturá-lo com auxílio de maquinário. Essa prática acelera a decomposição e a produção do húmus e facilita muito a organização do material na área, principalmente em se tratando de cultivo de hortaliças.
Agora que você aprendeu mais sobre os benefícios da cobertura de solo com matéria orgânica, nós te convidamos a aprender mais sobre como a agroecologia pode otimizar sua produção agrícola.
Veja mais: Você sabe o que é agroecologia? Descubra seus 5 princípios básicos
Além disso, compartilhe esse artigo sobre matéria orgânica para a agricultura e siga as redes sociais do nosso projeto para saber as principais novidades sobre este assunto tão interessante!
Foto: Jessica Lane
Escrito por Henrique Ferraz de Campos, Engenheiro Agrônomo com Mestrado