A cartilha está disponível para download gratuito no site do projeto
O projeto “Corredor Caipira: Conectando Paisagens e Pessoas” lançou dois materiais com conteúdos educativos, que estão disponíveis para download gratuito. A cartilha que abordaremos nesse texto é a “Restaurando o Amanhã – Desafios e Propostas para a Paisagem”, destinada a gestores públicos e proprietários rurais, que pode ser acessada em: https://corredorcaipira.com.br/downloads/
O “Corredor Caipira” é realizado pelo Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca) da Esalq/USP e pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq) patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
O material traz à tona a discussão sobre os déficits de vegetação natural em áreas de preservação permanente (APPs) hídricas nos municípios da Área de Influência Direta do Direta do projeto, assim como as lacunas de políticas públicas voltadas à temática socioambiental. Nos municípios abrangidos pelo projeto (Área de Influência Direta), as porcentagens de vegetação natural são: Piracicaba (9%), Santa Maria da Serra (16,5%), São Pedro e Águas de São Pedro (15%), e Anhembi (18,5%).
Ao apresentar dados alarmantes, a cartilha tem como objetivo servir como uma fonte de informação e um instrumento de inspiração para gestores da paisagem, públicos ou particulares, que buscam a conservação da biodiversidade e o aumento da oferta de água da região.
Na paisagem, a reduzida quantidade de áreas naturais e a falta de conectividade entre elas ameaçam a biodiversidade e o bem-estar humano. As APPs hídricas, representadas por entornos de nascentes, margens de cursos d’água, lagos e lagoas, são as áreas protegidas que melhor cumprem a função de corredor ecológico entre os vários tipos de áreas protegidas. Também favorecem a produção e a qualidade da água para abastecimento público, serviços ecossistêmicos bastante reduzidos na região, como demonstram os períodos de seca cada vez mais severa nos últimos anos.
As APPs hídricas se estendem por 40 mil ha da região (cerca de 13% da área total) e apenas um terço delas está recoberto por vegetação nativa. As APPs do entorno de nascente são as mais prejudicadas, pois somente 13% estão com vegetação natural, são 4,5 mil hectares de APPs de nascente que precisam ser recuperados. Quanto às APPs de cursos d’água, lagos e lagoas, cerca de um terço delas possui vegetação natural, somando 24 mil ha para recuperação.
Na Área de Influência Direta, o déficit total de vegetação natural em APPs hídricas é de 28,5 mil ha, ocupados basicamente por cana-de-açúcar, pastagem e mosaico de agricultura e pastagem. É uma área próxima à do município de Santa Maria da Serra, que possui 25,3 mil ha.
Mapeamento de prioridades
Diante da grande extensão e ampla distribuição das APPs hídricas pelo território, é apresentado o mapeamento de prioridade de áreas para recuperação elaborado pelo projeto, que considera fundamental e urgente proteger a vegetação nativa remanescente, aumentar as áreas de conectividade para a biodiversidade e recuperar as APPs de proteção dos recursos hídricos.
As sub regiões que se destacaram como prioritárias foram: as porções das bacias hidrográficas que contribuem para recarga dos pontos de captação d’água para abastecimento público; o entorno da Estação Ecológica de Ibicatu em Piracicaba; o Tanquã em Piracicaba; a região sul do entorno à Fazenda Barreiro Rico; as adjacências dos fragmentos da Serra de São Pedro.
Em escala municipal e regional, a restauração da paisagem depende da criação de políticas públicas que promovam a articulação e as ações do poder público e da sociedade civil a favor da recuperação de áreas. Faltam instrumentos legais socioambientais municipais para fomentar o desenvolvimento sustentável regional. Políticas públicas municipais que abranjam a temática socioambiental são fortalecedoras e estruturantes a médio e longo prazo desta mudança da paisagem e também da mudança cultural almejada.