Saiba o que é um Banco Ativo de Germoplasma e como o projeto Corredor Caipira irá desenvolvê-lo para preservar espécies da flora nativa do interior de São Paulo.
O processo de desmatamento da Mata Atlântica, especialmente no Planalto Paulista, onde se encontra a Floresta Estacional Semidecidual, levou à formação de uma paisagem predominada pela agricultura, com fragmentos de matas em diferentes estados de conservação e níveis de isolamento. Este isolamento prejudica a conservação genética das populações sobreviventes nesses fragmentos, devido à redução do número de indivíduos disponíveis para reprodução, que aumenta a probabilidade de haver cruzamento entre parentes e reduz assim a variabilidade genética. A mera conservação dos ambientes naturais atualmente existentes não garante a conservação da biodiversidade local, especialmente das espécies raras que, por apresentarem baixa densidade populacional, acabam sofrendo mais perdas genéticas (erosão genética) e precisam de maior cuidado para a conservação.
Uma estratégia viável para solucionar este problema é o estabelecimento de Bancos Ativos de Germoplasma (BAG) de espécies ameaçadas. Neste texto, você irá aprender sua utilidade e a importância de sua implantação no Projeto Corredor Caipira, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Confira!
O que é o Banco Ativo de Germoplasma (BAG)?
Os BAG consistem em unidades conservadoras de material genético de uso imediato ou com potencial de uso futuro. São considerados bancos ativos aqueles nos quais ocorre o intercâmbio de germoplasma, ou seja, da estrutura que armazena as informações hereditárias da planta.
Tais bancos ativos podem ser divididos em dois grupos: banco ativo de germoplasma “in situ”, que conserva o germoplasma no seu hábitat natural, e os “ex situ”, conservados fora do seu hábitat natural. O BAG do projeto Corredor Caipira trata de conservação “ex situ”, por ser em área fora das florestas nativas, porém será em ambiente de restauração florestal.
Quais os cuidados necessários para a instalação do Banco Ativo de Germoplasma?
Diversos fatores são responsáveis pela variabilidade genética entre e dentro das populações de plantas, como o tamanho da população, a distribuição geográfica, o modo de reprodução, a forma de dispersão das sementes e o tipo de comunidade onde a espécie é frequente. Em função disso, ao se instalar um BAG é necessário tomar uma série de cuidados para garantir que a diversidade genética das espécies a serem conservadas seja incorporada ao banco através dos seus indivíduos. Por isso, para cada espécie a ser conservada em nosso BAG, serão coletadas sementes de trinta indivíduos (matrizes), localizados em diferentes regiões. A partir de cada uma destas trinta matrizes, serão plantadas trinta mudas, ou seja, teremos no BAG novecentos indivíduos de cada espécie!
Os benefícios da implantação do BAG
- Produção de sementes de ótima qualidade
Como o banco ativo de germoplasma tem uma ampla base genética das espécies conservadas, uma oportunidade muito interessante que ele apresenta é a de produzir sementes de qualidade. Esta questão é fundamental para que as mudas possuam boa representatividade genética, assegurando a diversidade dentro dos lotes das mudas produzidas. Nesse contexto, a formação de um BAG de espécies arbóreas nativas da região, vai além da ação de conservação, pois poderá contribuir também na restauração ecológica regional, ao disponibilizar áreas para coleta de sementes de boa qualidade de espécies ameaçadas localmente.
- Possibilidade de melhoramento genético das espécies
Além da produção de sementes, no futuro, o BAG possibilitará o melhoramento genético das espécies para características de interesse, como produção de frutos, madeira, óleos, palmito, etc. Neste contexto, o banco ativo de germoplasma irá, primeiramente, promover a conservação da biodiversidade, e em segundo, a formação de uma base genética para melhoramento de espécies arbóreas nativas do planalto paulista com reconhecido valor social, ambiental e econômico, visando atender a demanda dos programas de recomposição florestal da região.
- Disponibilidade para área de estudos e pesquisas
Em adição, o BAG também deve funcionar como área de estudos e pesquisas com espécies nativas, para realização de cursos ou oficinas e demais atividades educacionais. Ou seja, as vantagens do banco desenvolvido pelo Corredor Caipira também terá repercussão nos próximos estudos do setor.
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