Corredores ecológicos são áreas que unem diferentes fragmentos florestais que anteriormente foram separados por alguma interferência dos seres humanos como, por exemplo, agricultura e atividade madeireira.
A construção de corredores ecológicos tem o objetivo de reduzir os efeitos da fragmentação dos ecossistemas, promovendo o livre deslocamento da fauna, auxiliando na dispersão de sementes e colaborando com o aumento da cobertura vegetal. Dessa forma, é possível recolonizar áreas degradadas e, também, preservar a biodiversidade da região.
É isso que o “Projeto Corredor Caipira – Conectando Paisagens e Pessoas”, se propõe a fazer na região de Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa Maria da Serra e Anhembi, cidades do interior de São Paulo. Neste texto, vamos traçar um breve histórico destes locais e, também, mostrar a importância da construção destes corredores para esta região. Acompanhe!
O histórico da região
A região de abrangência do Projeto Corredor Caipira, patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental tem um antigo histórico de ocupação, iniciado em 1765, quando foi estabelecido o povoamento inicial que daria origem à Piracicaba. Apresentava originalmente vegetação florestal ou de cerrado, mas na medida em que se deu a ocupação do território, rapidamente as florestas perderam espaço, sendo substituídas por lavouras agrícolas ou pastagens para a criação de gado. O território do Corredor Caipira apresenta diferentes tipos de solo e de relevo, incluindo extensas áreas aptas para a agricultura, onde as lavouras de cana-de-açúcar tiveram e ainda têm importância, devida a extensão de áreas dedicadas ao seu cultivo.
Em função desse histórico de uso e ocupação do solo, o estado atual da paisagem é representado por fragmentos de habitat, com diferentes tamanhos, formas e estado de conservação, envolvidos total ou parcialmente por outros tipos de uso e ocupação (agricultura, pastagens para pecuária, silvicultura, uso misto das alternativas anteriores ou uso urbano).
A conservação da biodiversidade é um dos fundamentos do desenvolvimento sustentável. Apesar da histórica redução de habitats naturais, ainda há o que conservar na região. A diversidade biológica na região, embora depauperada, deve ser conservada e ampliada. A flora na região contém várias centenas de espécies e a fauna também possui expressiva diversificação, incluindo espécies ameaçadas como macaco muriqui-do-sul, lobo-guará, tamanduá-mirim, veado-campeiro e onça-parda.
Por que construir corredores ecológicos?
Para a conservação da biodiversidade em uma escala regional é necessário haver conectividade entre os fragmentos de habitat natural que permanecem na paisagem. Esses fragmentos possuem atributos que podem lhes conferir maior importância para a conservação. Um desses atributos é o tamanho. Grandes fragmentos florestais possuem maior biodiversidade do que aqueles de menor tamanho. Além do tamanho individual, a presença de outras áreas com vegetação natural na região aumenta a importância relativa para a conservação em comparação àqueles completamente isolados. Estes fatos demonstram a complexidade do problema da conservação da biodiversidade em um território intensamente utilizado pelas atividades humanas.
A conectividade dos fragmentos de habitat em uma paisagem é uma condição essencial para a conservação da biodiversidade. A conectividade mais do que um parâmetro de contato físico entre os fragmentos de habitat, refere-se principalmente a aspectos funcionais dessa conectividade. Na perspectiva da conservação biológica na paisagem, o principal é a existência de intercâmbio entre os fragmentos de habitat, tanto para a fauna transitar entre esses ambientes como para as plantas permutarem seus genes através da transferência de pólen ou da dispersão de suas sementes.
Como o Corredor Caipira pretende construir estes corredores ecológicos?
O território do Corredor Caipira é segmentado em milhares de propriedades que possuem diferentes características de tamanho, peculiaridades e de usos do solo. A heterogeneidade de situações existentes requer diferentes soluções para a conservação biológica no território como um todo. Para ampliar a conectividade dos fragmentos de habitat na paisagem como estratégia para a conservação biológica, é essencial definir as situações que são prioritárias para a restauração da vegetação nativa e identificar esses locais com o suporte de sistemas de informações geográficas e de inteligência artificial.
A partir da identificação das zonas e locais cuja restauração da vegetação nativa propicia maiores benefícios para a conservação da biodiversidade regional, deve-se escolher quais as áreas podem ser priorizadas levando-se em conta outros elementos, como por exemplo, o perfil e engajamento dos proprietários rurais, bem como o desejo de experimentar em suas terras alternativas de restauração ecológica que possam ser utilizadas como áreas demonstrativas e serem passíveis de visitação por outras pessoas ou grupos interessados em promover ações similares em suas propriedades. O viés pedagógico da restauração da vegetação com emprego de modelos ecológicos ou agroecológicos é um aspecto bastante relevante dentro do projeto em vista da necessidade de ampliação das ações de restauração em uma escala que abrange milhares de hectares.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre o que são corredores ecológicos e a sua importância para o interior de São Paulo, continue acompanhando o nosso trabalho por meio das redes sociais do projeto.